Conversando sobre mosquitos

Com a introdução e expansão no Brasil de agentes de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como os vírus Zika e Chikungunya, recebi algumas perguntas de leitores e posto aqui como respostas. Juntamente, faremos uma análise de novos procedimentos contra a dengue e detalharemos outras questões a respeito da prevenção de mosquitos nas cidades e no ambiente rural.  

Se você tiver alguma dúvida sobre este assunto, poderá me enviar um e-mail no endereço: marinamald@hotmail.com 

Boa leitura!

- Quais os métodos mais eficientes de combate ao mosquito da dengue?

Para o controle de mosquitos em geral, a inclusão de métodos baseados no Manejo Integrado de Pragas é sempre a melhor opção. Pois estes abrangem um conjunto de ações que leva em consideração as integrações existentes entre o meio ambiente, os animais e o homem, buscando um equilíbrio real ao longo desta convivência.

-Você concorda com o uso de outros animais para o combate à dengue? Quais animais podem ser usados?

Na natureza, os insetos têm um papel importante dentro da cadeia alimentar. Eles servem de alimento para uma variedade de organismos como os pássaros, por exemplo, que comem os mosquitos adultos. Os peixes se alimentam das larvas quando são aquáticos. Também as libélulas são importantes predadoras. Mas esse ciclo ocorre em ambiente silvestre e equilibrado com águas correntes ou pa radas , porém oxigenadas. No meio urbano e rural este ciclo se rompe em vários pontos, e alguns organismos como os mosquitos se proliferam desordenadamente, pois não há a presença dos predadores seus naturais. Avalia-se que uma inserção proposta de organismos predadores num ambiente desequilibrado poderia representar apenas mais um problema. Haja vista que os predadores dos predadores de mosquitos não puderam ser inseridos juntamente com esses.  

- No Rio de Janeiro, a prefeitura começou a utilizar peixes para comer como larvas de mosquitos. Essa medida é eficaz? 

É uma medida paliativa com uma eficiência baixa, ainda mais se for utilizada isoladamente, pois há uma variedade de criadores de mosquitos no meio urbano ou mesmo rural onde não se pode criar peixes. Contudo, esse método pode ser incluído dentro de um plano de controle mais abrangente, aumentando a eficácia deste.  

- Em Campinas, uma parceria entre a prefeitura e a empresa Oxitec viabilizou a utilização de mosquitos transgênicos no combate à dengue. O que você acha disso?

Os métodos de controle que utilizam a liberação de mosquitos geneticamente modificados para competir e suprimir os animais selvagens e seu próprio perfil, vêm surgindo como inovações tecnológicas de alto padrão. Acredito que a viabilização desses métodos é necessária, pois somente os experimentos no campo mostrarão o quanto podem ser eficazes ou não. Este, da Oxitec, visa um controle do tipo 'supressão', onde ocorre todas as atividades reprodutivas entre os mosquitos, sem contudo produzir descendência, e talvez os ovos sejam inviáveis. A competição ocorre naturalmente, mas é preciso verificar se os mosquitos modificados são contidos no mesmo 'fitness' do selvagem, isto é, se forem competentes o suficiente para entrar na 'guerra' pelas fêmeas. A natureza pode sim reagir com seus mecanismos alternativos, se sobrepondo ao longo do tempo. Ou seja, uma experiência no campo pode e deve ser feita, mas sobre um tempo longo, uma área restrita e um forte controle e observação do comportamento desse trânsito de mosquitos. É preciso verificar se tanto os naturais quanto os modificados estão sendo realmente suprimidos. E não atentar somente para ocorrência ou não de dengue na área de estudo. Pois há muitas outras variantes epidemiológicas naturais na ocorrência da doença, que são alheias ao método de controle em questão.

- É possível que esses mosquitos tragam ou agravem a transmissão de outras doenças?

O resultado depende de como a natureza responderá a este evento em especial. Os Artrópodes, Filos a que pertencem aos invertebrados como os mosquitos, possuem uma plasticidade genética invejável aos olhos humanos. Mas os experimentos no campo e a observação cautelosa dos eventos ecológicos podem proporcionar resultados seguros e evitar possíveis prejuízos.    

- Plantas podem ser utilizadas no combate à dengue? Quais são e como envelhecer no combate ao mosquito?

Os mosquitos reagem com sinais específicos diante de alguns compostos voláteis de plantas. Pois eles costumam se aproximar para alimentação de açúcar na seiva das folhas. Nesta condição, os mosquitos participam como polinizadores, mas também são retidos para espalhar fungos e bactérias sobre as plantas, tornando-se portanto indesejáveis ​​a esta. Assim, dependendo da fase em que a planta está ou do tipo de planta, são liberadas substâncias voláteis tanto para atrair como para repelir os insetos. Estes, geralmente se afastam da presença de cheiros fortes, como os derivados do eucalipto. Assim, ao colocar plantas ou compostos de plantas pela casa que liberam odores semelhantes, pode sim ajudar a espantar os mosquitos. Contudo, deve haver uma observação se este procedimento não estiver atraindo os fatos ao invés de repeli-los.           

- Você conhece algum outro meio não convencional para proteção contra mosquitos?

A inclusão dos meios convencionais constitui o melhor método para conter a crítica das críticas em geral. Contudo, no caso dos mosquitos nem sempre os fatores básicos que levam a sua rotina estão inseridos nos programas de controle. Diante de um planejamento, deve-se levar em conta que o aumento da população de mosquitos é diretamente proporcional à quantidade de problemas existentes na infraestrutura urbana e rural e ao desequilíbrio ecológico de maneira geral. Te mais que u ma comunidade com alta aglomeração de pessoas, por exemplo, contribui como fonte de alimento para as fêmeas de mosquitos, aumentando seu potencial de reprodução. Bem como, uma grande quantidade de recipientes nos quintais, nas ruas e no meio ao lixo e a existência de buracos e valas com água parada, sem a demanda devida de fluxo escondido para o rápido crescimento das larvas dos mosquitos. Assim, qualquer tentativa, seja do governo, dos conselhos comunitários ou de cada um no sentido de reduzir esses agravos, contribui consideravelmente para a redução dos potenciais reprodutores dos mosquitos e consequentemente da eficácia destes.